A cidade de Santos sempre esteve na vanguarda da arquitetura

25/01/2019 Uncategorized

A vanguarda da arquitetura santista

A cidade de Santos se destaca pelo ar vanguardista da arquitetura de suas construções, seguindo estilos variados e representativos das diversas influências culturais que ali se assentaram com a chegada de variadas levas de imigrantes que atravessaram o porto da cidade. O panorama arquitetônico é contemplado com construções que vão do barroco e datam do século XVI até o modernismo orgânico da metade do século XX. Exemplificamos alguns estilos:


Barroco

Sete clássicos exemplos do que ainda está preservado do estilo barroco:

Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (construção de 1599); Igreja Nossa Senhora do Monte Serrat (de 1605) – Monte Serrat; Igreja Santo Antônio do Valongo (de 1640) – Praça Mauá; Casa do Trem Bélico (de 1640 ou 1734) – Rua do Tiro, 11; Mosteiro de São Bento (de 1650) – Morro de São Bento; casario da rua Frei Gaspar, 6 (1818) e Casa de Câmara e Cadeia (de 1869).

 

Chalés Madeirenses

A cidade recebeu também muita influência de imigrantes, como os portugueses da Ilha da Madeira, com suas moradias encontradas até os dias atuais nas encostas dos morros. Quando os madeirenses chegaram aqui por volta de 1885, e encontraram as terras baixas praticamente alagadiças, não tiveram dúvidas, construíram suas moradias nas encostas, como em sua terra natal. Podemos ver esse tipo de construção espalhados principalmente pelos morros santistas e pelos bairros Ponta da Praia, Embaré, Macuco e Estuário. São chalés de madeiramento colocado sobre pedras fixas, com terraceamento.

Belas-artes

O prédio dos Correios e Telégrafos (1924) e, com maior destaque, a Bolsa Oficial de Café,que hoje abriga o Museu do Café e foi descrita no livro AB – Arquitetura do Brasil – Patrimônio 1 da seguinte forma: “A grandiosidade do pórtico de entrada de granito é ornada com oito colunas dóricas, encimadas por um frontão franqueado por duas estátuas recostadas que representam Mercúrio, deus do comércio e Ceres, deusa da agricultura, simbolizando a riqueza e a fecundidade da terra…

Na parte central, as arcadas são abundantemente decoradas com guirlandas de folhas e grãos da rubiácea, que traduz a importância do intenso movimento das transações do café… O terceiro andar do edifício possui um recuo que lhe dá um caráter monumental, pois o alinhamento está, em geral, separado da linha da fachada restante por terraços… O interior do edifício é decorado com objetos de bronze franceses, cristais belgas, vitrais luxuosos. Os móveis são de jacarandá.  Destacam-se ainda no Salão de Pregões, na parede lateral, obras de Benedito Calixto que retratam Santos em três épocas: 1545, 1822 e 1922…”.

Esse monumento, que dá a dimensão exata da riqueza que o café proporcionou ao país, foi tombado em 21 de setembro de 1981.

Estilo Luís XV

Palácio José Bonifácio (de 1927) – Praça Mauá.  “… em 1907 foi escolhido o trecho onde hoje fica a Praça Mauá para a construção do Paço Municipal. Um decreto (nº 268, de 12 de julho daquele ano) considerou os terrenos daquela área de utilidade pública para fins de desapropriação, que acabou tendo início em 1908, terminando somente em 1927, devido à falta de recursos…

A edificação do Paço é repleta de simbolismo, não formalizado em documentos, mas percebido quando a observação leva em conta.  Por exemplo, o passado filosófico e de importância histórica de personagens como José Bonifácio. Além das estátuas na entrada (Hermes e Minerva, representando o comércio e a indústria, assim como a sabedoria, implantadas posteriormente) e de vitrais com identificações técnicas, apontando a localização dada inicialmente para os setores, nota-se certa relação, que parece ser proposital, de alguns símbolos relacionados à maçonaria, instituição de grande influência sobre Bonifácio e Dom Pedro I, por exemplo. Nomes estes que tiveram participação ativa em movimentos como os da Independência, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República.

Modernismo orgânico

Um exemplo desse estilo é o Edifício Verde Mar (1957), “criado para receber a burguesia paulistana que desejava um retiro no litoral, a fim de evitar longas viagens ao Rio de Janeiro. Artacho Jurado então repetiu um modelo conhecido, o do Edifício Bretagne, também de sua autoria, localizado na capital paulista e projetou, mesmo sem nenhuma graduação na área, 168 apartamentos, divididos em 14 andares, com salas exclusivas para jogos de cartas, oito elevadores, grandes salões de festas e até um playground interno, tudo com uma decoração orgânica e exclusiva.

Os apartamentos do edifício, frontais e de fundos com 85m² e laterais com 38m², foram vendidos em tempo recorde, em 1957, e o local virou sinônimo de luxo no país. Os compradores eram empresários bem-sucedidos, seduzidos pela ideia de morar em um apartamento em Santos, em uma época que a cidade era considerada altamente sofisticada, com cassinos e as melhores festas do cenário brasileiro.”

Art nouveau

Pinacoteca Benedito Calixto (de 1900) – Avenida Bartolomeu de Gusmão, 15.

Neocolonial

Colégio Escolástica Rosa (de 1908) – Avenida Bartolomeu de Gusmão, 111.

Art déco

Colégio Canadá (de 1935) – Rua Mato Grosso, 163; e Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio (de 1931) – Praça José Bonifácio.

Neogótico

Inspirado nos castelos medievais, este estilo foi usado principamente em fortes e igrejas francesas e alemãs.  Exemplos marcantes: Câmara de Santos – Rua Bittencourt com Avenida Senador Feijó (de 1909); Castelo de Giovanni Éboli (de 1886) – Outeiro de Santa Catarina – Rua Visconde do Rio Branco, 48; e Basílica Menor de Santo Antônio do Embaré (de 1945) – Avenida Bartolomeu de Gusmão, 32.

Neoclássico

Casa da Frontaria Azulejada (de 1865) – Rua do Comércio, 92; Casarões do Largo do Marquês – Museu Pelé (de 1865).

Eclético

Teatro Guarani (de 1882) – Praça dos Andradas; Teatro Coliseu (de 1924) – Praça José Bonifácio; e Hotel Atlântico (de 1928) – Avenida Presidente Wilson, 1.

Neomanuelino

Real Centro Português (de 1901) – Rua Amador Bueno, 182.

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